Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica para o século americano. Engendrou concepções, conceitos e teoria própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco. Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas o aperfeiçoou.
SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silêncio do parlamento. Correio Braziliense, Brasília,
28 maio 2009 (adaptado).
É possível afirmar que o Brasil soube se aproveitar da relação com os Estados Unidos. Quando ele precisava de apoio na Guerra Fria e na desconcentração industrial dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos na crise de 29, JK e Vargas souberam negociar afim de formar um polo industrial brasileiro capaz de vislumbrar por um período a substituição de importações e atrair mais investimentos externos.