Análise da proposta de redação do ano de 2009.
O tema do ENEM de 2009 discute um assunto sempre atual: ética. Trabalha, porém, algo além disso: o posicionamento do indivíduo diante desse assunto. Deve-se, então, levar em consideração conceitos como o do “jeitinho brasileiro”, a cordialidade e, principalmente, a ideia de corrupção, endêmica no país.
Análise das Referências
A charge de Millôr Fernandes explica bem o texto 1, uma vez que mergulha o homem – ainda que de forma exagerada – em um mundo de pouquíssima honestidade. Assim, cabe discutir se, hoje, a desonestidade já é intrínseca à vida da população ou se ainda há esperança na construção de um Brasil totalmente ético.
O texto de Lya Luft fala de acomodação e banalização. De certa maneira, o indivíduo brasileiro parece ter se acomodado com relação às questões que vive – principalmente com relação à corrupção, já habitual no país. Consequentemente, cabe discutir, no texto, a inércia da sociedade, quando o assunto é resolver os problemas que já parecem muito mais culturais do que esporádicos.
O texto de Contardo Calligaris faz referência direta à ideia de pequenas corrupções – que têm relações fortes com o chamado “jeitinho brasileiro”. Convida, também, o leitor a refletir sobre o quanto as críticas às ações do outro envolvem, basicamente, a negligência das próprias ações de quem critica.
Análise Geral
O tema de 2009 faz referência ao conceito de ética e, consequentemente, às opiniões e valores do próprio indivíduo com relação ao próximo. Há total relação com as teorias de Noam Chomsky, filósofo norte-americano que, baseado em um princípio de universalidade, acredita que o homem precisa aplicar a mesma avaliação às ações do outro e às suas, de forma que o julgamento – e até a punição – seja o mesmo, diante de qualquer ato considerado antiético.
Sugestão de Teses
Há, aqui, dois caminhos interessantes:
1. Pode-se discutir, como tese, o fato de o indivíduo estar inerte frente aos casos de corrupção, o que o coloca distante do conceito de ética e suas aplicações. Não se importa, então, com as atitudes antiéticas – seja por estar acomodado, diante de tantos problemas frequentes, seja por apenas negar esses problemas.
2. Pode-se discutir, como tese, o fato de o indivíduo estar atento à antiética na política, por exemplo, apesar de ignorar suas próprias ações. Isso dá espaço para uma discussão sobre as pequenas corrupções, no dia a dia, que dão origem, inclusive, aos maiores casos, percebidos na política nacional.
Conclusão
Há, então, uma discussão sobre ética, ações individuais, com relação ao ambiente nacional, ações no coletivo. É importante que o aluno crie essa ligação. É essencial, também, que trabalhe o conceito de ética e faça referências aos diferentes casos de corrupção, famosos na história do Brasil, mostrando certo conhecimento de mundo adquirido ao longo da formação de Ensino Médio.