Questão 119 da prova cinza do segundo dia do Enem 2010

Soneto

Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é

  1. a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte.
  2. a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
  3. o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
  4. o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
  5. o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.

Gabarito da questão

Opção B

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