Questão 129 da prova amarelo do segundo dia do Enem 2010

Capítulo III

Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando  a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de  bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que esta aqui na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja – primor de argentaria, execução fina  e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência  que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a  necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços.

ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).

Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside

  1. no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência.
  2. no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes.
  3. na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião.
  4. na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho.
  5. na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.

Gabarito da questão

Opção A

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