Questão 110 da prova cinza do segundo dia do Enem 2011

Estrada

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.

BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para

  1. o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade.
  2. a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.
  3. a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
  4. a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
  5. a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

Gabarito da questão

Opção B

Questões correspondentes

113 115 113

Assunto

Modernismo

Comentário da questão

De acordo com a percepção do eu lírico, a vida no campo valoriza a individualidade de cada um que ali vive, diferente da vida urbana, ambiente em que há uma “padronização” do jeito de ser. Além disso, a voz lírica valoriza a efemeridade da vida, o que pode ser identificada nos versos “Que a vida passa! que a vida passa!/ E que a mocidade vai acabar”.

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