Questão 106 da prova rosa do segundo dia do Enem 2011

Não tem tradução

[…]
Lá no morro, se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
[…]
Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone

ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista Língua Portuguesa. Ano 4, n° 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).

As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba Não tem tradução, por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe

  1. incorporar novos costumes de origem francesa e americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
  2. respeitar e preservar o português padrão como forma de fortalecimento do idioma do Brasil.
  3. valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacional.
  4. mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
  5. ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de sociedades mais desenvolvidas.

Gabarito da questão

Opção C

Questões correspondentes

104 107 106

Assunto

Variações Linguísticas

Comentário da questão

A metalinguagem na canção de Noel Rosa se dá pelo uso da própria letra ao refletir sobre a sua composição poética. Neste sentido, o eu lírico visa valorizar a fala popular brasileira e reconhecer a linguagem coloquial como forma de identidade nacional.

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