Mas plantar pra dividir
Não faço mais isso, não.
Eu sou um pobre caboclo,
Ganho a vida na enxada.
O que eu colho é dividido
Com quem não planta nada.
Se assim continuar
vou deixar o meu sertão,
mesmo os olhos cheios d’água
e com dor no coração.
Vou pro Rio carregar massas
pros pedreiros em construção.
Deus até está ajudando:
está chovendo no sertão!
Mas plantar pra dividir,
Não faço mais isso, não.
VALE, J.; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo: Polygram, 1994 (fragmento).
A questão faz referência a uma relação de trabalho existente no campo, em que de um lado o agricultor entra com a mão de obra e de outro o latifundiário entra com a terra e dividem entre si os lucros da produção. Contudo, o agricultor é desfavorecido nesta relação o que o impulsiona a migrar para as grandes cidades.