Questão 22 da prova cinza do primeiro dia do Enem 2015 Segunda Aplicação

Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.

AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).

Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque:

  1. o surgimento do mal é anterior à existência de Deus
  2. o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
  3. Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
  4. por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
  5. Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.

Gabarito da questão

Opção D

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Comentário da questão

Para Agostinho, Deus não pode ser considerado autor do mal, pois, sendo a plena bondade, não poderia jamais produzir o seu contrário. Isto não significa, porém, que, para o autor medieval, existe algum outro ser todo-poderoso que gerou o mal ou que o mal seja algo anterior a Deus. Na verdade, nesta perspectiva, o mal não tem autor, pois o mal não é uma coisa, mas a ausência de uma coisa: o mal é a ausência do bem.

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