Questão 120 da prova cinza do segundo dia do Enem 2015 Segunda Aplicação

TEXTO I
Versos de amor
A um poeta erótico

Oposto ideal ao meu ideal conservas.
Diverso é, pois, o ponto outro de vista
Consoante o qual, observo o amor, do egoísta
Modo de ver, consoante o qual, o observas.

Porque o amor, tal como eu o estou amando,
É assim como o ar que a gente pega e cuida,
Cuida, entretanto, não o estar pegando!

É a transubstanciação de instintos rudes,
Imponderabilíssima, e impalpável,
Que anda acima da carne miserável
Como anda a garça acima dos açudes!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996 (fragmento).

TEXTO II
Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

Os Textos I e II apresentam diferentes pontos de vista sobre o tema amor. Apesar disso, ambos definem esse sentimento a partir da oposição entre

  1. satisfação e insatisfação.
  2. egoísmo e generosidade.
  3. felicidade e sofrimento.
  4. corpo e espírito.
  5. ideal e real.

Gabarito da questão

Opção D

Questões correspondentes

Comentário da questão

Nos poemas em questão, tanto Augusto dos Anjos quanto Manuel Bandeira apresentam o conflito corpo  versus espírito. A diferença é que enuqanto o primeiro defende a ideia de supremacia da espiritualidade, o segundo afirma “que os corpos se entendem, mas as almas não”.

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