Redação Exemplar
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
Contrariando Beauvoir
Simone de Beauvoir. Leila Diniz. Marta Suplicy. Mulheres que, em diferentes épocas e situações, levantaram suas bandeiras na luta contra a injustiça e a ausência de direitos femininos. Anos se passaram. Direitos assegurados. Porém, embora a mulher brasileira tenha conquistado espaço em vários setores, existe ainda um grande caminho a ser trilhado no que diz respeito aos crimes de violência. Até que ponto a igualdade entre os gêneros, de forma plena, é respeitada em nossa sociedade?
É fundamental comentar o aspecto da cultura da impunidade que insiste em prevalecer em vários âmbitos sociais. Muitos diriam que delegacias e secretarias a favor das mulheres foram criadas e, com isso, suas garantias estariam estabelecidas. Ledo engano. Em nosso país, as leis são brandas. Não há punição efetiva. Prova disso é verificada em estatísticas que revelam menos da metade dos processos efetivamente julgados e resolvidos. Nesse sentido, não há muito ainda o que comemorar se ainda somos noticiados de feminicídios constantes.
Há quem afirme que a violência feminina já tenha reduzido, pois a imagem da mulher apresenta avanços no nosso país. Mais uma vez: equívoco garantido. A base do pensamento da nossa sociedade ainda é conservadora e patriarcal. Sinais de desrespeito e submissão são notórios quando reparamos na cultura do “fiu-fiu” reinante no universo machista. Dessa forma, confirma-se a visão cristalizada de que a mulher não é tratada com dignidade e valor. Propagandas, novelas e músicas ainda sustentam e corroboram essa inferioridade que acaba levando a atos de violência moral, física e sexual.
Fica claro, portanto, que, se comparada com décadas anteriores, muito se evoluiu em termos de garantias em prol da mulher. No entanto, no que diz respeito à violência, há muito que ser feito para reverter o atual quadro tão vergonhoso. Mais que criação de leis e varas especializadas, nossas instituições precisam garantir a eficácia e a aplicação de penalidades contra as mulheres. Campanhas divulgadas na mídia podem ser intensificadas, não só como denúncias de casos violentos, mas também com caráter de instrução. Talvez assim, possamos ter em alguns anos a inversão da célebre frase – as mulheres nascem e são respeitadas como iguais.