A política de paciflcação não resolve todos os problemas da favela carioca, ela é apenas um primeiro e indispensável passo para que seus moradores sejam tratados como cidadãos. As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) recuperaram um território que estava ocupado por bandidos com armas de guerra, substituíram a opressão de criminosos pela justiça formal do Estado. [Mas] se a UPP não for seguida por escola, hospital, saneamento, defensoria pública, emprego, daqui a pouco a polícia de ocupação terá que ir embora das favelas por inútil. Ou será obrigada a exercer a mesma opressão que o tráfico exercia para se proteger.
CACÁ DIEGUES. A contrapartida do lucro. O Globo, 28 jul. 2012.
De acordo com o texto de Cacá Diegues, a consolidação da cidadania nas comunidades carentes depende necessariamente da efetivação de direitos sociais para essas populações. A política pacificadora seria, de acordo com ele, um fator importante para a melhoria de vida de muitas pessoas que vivem nas favelas do Rio, mas nada disso resolveria, de maneira profunda, os problemas vividos por elas caso não houvesse um grande investimento público para que seus direitos fossem reconhecidos.