A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo desculpas por não possuir títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em compensação, guiada pelo poder da vontade”. Maria Tomásia pronunciava orações que levantavam os ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas. Aquelas
“angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”, levantavam dinheiro para comprar liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a fazerem alforrias gratuitamente.
MIRANDA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun. 2015
As práticas culturais da poetisa Emília Freitas e da escritora Francisca Clotilde, que levantavam dinheiro para “comprar liberdades” e tentavam convencer os donos de escravos a concederem alforrias, nos remetem ao movimento abolicionista, ou seja, às mobilizações sociais em prol do fim da escravidão no Brasil. O movimento é percebido sobretudo a partir da segunda metade do século XIX e seu papel é fundamental para compreendermos o processo. Importantes perceber a existência das alforrias gratuitas que nos ajudam a questionar a tradicional visão da historiografia na qual os escravos são uma mera propriedade senhorial.