Redação Exemplar
Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
O inimigo agora é outro
O filme “O jogo da imitação” retrata a história do matemático Alan Turing na criação da “enigma” – máquina capaz de descriptografar os códigos nazistas na 2ª Guerra Mundial. A invenção dele foi tão importante que os computadores foram originados a partir de seus estudos. Entretanto, atualmente, o perigo não é mais o exército de Hitler, mas sim os algoritmos capazes de manipular o comportamento dos usuários na internet.
Em primeiro lugar, cabe destacar o papel do algoritmo na rede. O intuito dessa codificação era trazer ao usuário um direcionamento mais assertivo às suas buscas. Entretanto, originou-se o conceito das “bolhas sociais” em que o internauta se exclui em uma realidade sem ter acesso a outros tipos de informações. Exemplo disso foi o que aconteceu nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos em que “fake news” foram disseminadas em mídias sociais contra a candidata Hilary Clinton e quem as recebia e as compartilhava permanecia nesse círculo de notícias.
Cabe destacar, também, que os códigos são encontrados em aplicativos para criar um perfil de preferência dos usuários. A plataforma digital de vídeos, Netflix, recomenda frequentemente séries e filmes baseados nas últimas visualizações de cada espectador. Assim, pode-se perceber que o usuário é totalmente influenciado pelo que o programa acredita ser a melhor escolha de acordo com os dados recolhidos. Isso pode ser explicado segundo as ideias do sociólogo Zygmunt Bauman de que as relações e ações humanas se tornaram efêmeras.
Fica claro, portanto, o poder da internet na manipulação do comportamento dos usuários. É papel do governo federal garantir o princípio de liberdade previsto pela Constituição e criar leis regulamentadoras contra os algoritmos em que seja obrigatório, em todos os sites brasileiros, a opção de desabilitar a atuação desse mecanismo algorítmico e o internauta possa escolher se deseja receber sugestões baseadas em suas pesquisas. Espera-se que com essa medida não seja preciso a criação de outra “enigma” para combater os códigos modernos.