Na construção da ferrovia Madeira-Marmoré, o que dizer dos doentes, eternos moribundos a vagar entre delírios fabris, doses de quinino e corredores da morte? O Hospital da Candelária era santuário e túmulo, monumento ao progresso científico e preâmbulo da escuridão. Foi ali, com suas instalações moderníssimas, que médicos e sanitaristas dirigiram seu combate aos males tropicais. As maiores vitimas, contudo, permaneceriam na sombra a margem do palco, cobaias sem consolo, credores sem nome de uma sociedade que não lhes concedera tempo algum para ser decifrada.
FOOT HARDWAN, F. Trem fantasma: modernidade na selva
São Paulo: Cia das letras,1968 adaptado
O texto aborda a construção de uma ferrovia e as dificuldades para garantir os direitos trabalhistas como o acesso à saúde. A crítica, portanto, está na contradição do desenvolvimento do espaço nacional e a condição de respeito aos trabalhadores. A alternativa C está incorreta, pois afirma que necessariamente seria incompatível o investimento estatal e a proteção dos nativos.