O número cada vez maior de mulheres letradas e interessadas pela literatura e pelas novelas, muitas divulgadas em capítulos, seções, classificadas comumente como folhetim, alçou a um gênero de ficção corrente já em 1840, fazendo parte do florescimento da literatura nacional brasileira, instigando a formação e a ampliação de um público leitor feminino, ávido por novidades, pelo apelo dos folhetins e “narrativas modernas” que encenavam “os dramas e os conflitos de uma mulher em processo de transformação patriarcal e provinciana que, progressivamente, começava a se abrir para modernizar seus costumes”. No Segundo Reinado, as mulheres foram se tornando público determinante na construção da literatura e da imprensa nacional. E não apenas público, porquanto crescerá o número de escritoras que colaboram para isso e emergirá uma imprensa feminina, editada, escrita e dirigida por e para mulheres.
ABRANTES, A. Do álbum de família à vitrine impressa: trajetos de retratos (PB, 1920), Revista Temas em Educação, n. 24, 2015 (adaptado).
De acordo com o texto, a inserção feminina nos espaços de leitura e escrita pode ser considerada fruto das modificações culturais ocorridas ao longo do século XIX. A afirmação de que a literatura moderna encenava os dilemas próprios das figuras femininas, que passavam por um processo de transformação da sociedade patriarcal e que se abria para costumes modernizantes, deixa evidente que essas modificações culturais foram peças chaves para o aumento e expansão do mercado literário feminino.