O povo Kambeba é o povo da águas. Os mais velhos costumam contar que o povo nasceu de uma gota-d’água que caiu do céu em uma grande chuva. Nessa gota estavam duas gotículas: o homem e a mulher. “Por essa narrativa e cosmologia indígena de que nós somos o povo das águas é que o rio nos tem fundamental importância”, diz Márcia Wayna Kambeba, mestre em Geografia e escritora. Todos os dias, ela ia com o pai observar o rio. Ia em silêncio e, antes que tomasse para si a palavra, era interrompida. “Ouço o rio”, o pai dizia. Depois de cerca de duas horas a ouvir as águas do Solimões, ela mergulhava. “Confie no rio e aprenda com ele”. “Fui entender mais tarde, com meus estudos e vivências, que meu pai estava me apresentando à sabedoria milenar do rio”.
Rios amazônicos influenciam no agro e em reservatórios do Sudeste. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 14 out. 2021.
De acordo com o texto, a relação estabelecida entre o povo Kambeba e o rio traz uma característica de cunho afetivo por estabelecer uma conexão com a cultura popular, reforçando a defesa de um patrimônio cultural, uma vez que evoca a relação de identidade e pertencimento do povo com o território.