Questão 104 da prova cinza do segundo dia do Enem 2013 Segunda Aplicação

Logo todos na cidade souberam: Halim se embeiçara por Zana. As cristãs maronitas de Manaus, velhas e moças, não aceitavam a ideia de ver Zana casar-se com um muçulmano. Ficavam de vigília na calçada do Biblos, encomendavam novenas para que ela não se casasse com Halim. Diziam a Deus e ao mundo fuxicos assim: que ele era um mascate, um teque-teque qualquer, um rude,
um maometano das montanhas do sul do Líbano que se vestia como um pé rapado e matraqueava nas ruas e praças de Manaus. Galib reagiu, enxotou as beatas: que deixassem sua filha em paz, aquela ladainha prejudicava o movimento do Biblos. Zana se recolheu ao quarto. Os clientes queriam vê-la, e o assunto do almoço era só este: a reclusão da moça, o amor louco do “maometano”.

HATOUM, M. Dois irmãos. São Paulo: Cia. das Letras, 2006 (fragmento).

Dois irmãos narra a história da família que Halim e Zana formaram na segunda metade do século XX. Considerando o perfil sociocultural das personagens e os valores sociais da época, a oposição ao casamento dos dois evidencia

  1. as fortes barreiras erguidas pelas diferenças de nível financeiro.
  2. o impacto dos preceitos religiosos no campo das escolhas afetivas.
  3. a divisão das famílias em castas formadas pela origem geográfica.
  4. a intolerância com atos litúrgicos, aqui representados pelas novenas e ladainhas.
  5. a importância atribuída à ocupação exercida por um futuro chefe de família.

Gabarito da questão

Opção B

Questões correspondentes

Comentário da questão

O excerto da narrativa Dois Irmãos traz para o leitor a interpretação de um romance com divergências religiosas, pela adversidade da crença entre o homem e a mulher. Assim, a reação contrária ao garoto apaixonado se dá pelo motivo de que ele não seria cristão, como a moça, evidenciando certa incompreensão do relacionamento por parte da família da menina Zana.

Equipe Descomplica
A melhor equipe de professores do Brasil ;)