— Adiante… Adiante… Não pares… Eu vejo. Canaã! Canaã!
Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus.
Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito…
— Canaã! Canaã!… suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da Promissão.
E tudo era silêncio, e mistério… Corriam… corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor mergulhada, sumida na névoa incomensurável… E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia… Corriam… corriam…
ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento).
Graça Aranha, através de sua obra, propõe uma crítica social ao caracterizar o desespero do povo que ainda não atingiu o sonho de garantir suas terras.