Questão 39 da prova azul do primeiro dia do Enem 2019
Essa lua enlutada, esse desassossego
A convulsão de dentro, ilharga
Dentro da solidão, corpo morrendo
Tudo isso te devo.
E eram tão vastas
As coisas planejadas, navios,
Muralhas de marfim, palavras largas
Consentimento sempre.
E seria dezembro.
Um cavalo de jade sob as águas
Dupla transparência, fio suspenso
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos
E tudo se desfez no pórtico do tempo Em lívido silêncio.
Umas manhãs de vidro
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo
Também isso te devo.
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. Das Letras, 2018.
No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo, aflora o
- cuidado em apagar da memória os restos do amor.
- amadurecimento revestido de ironia e desapego.
- mosaico de alegrias formado seletivamente.
- desejo reprimido convertido em delírio.
- arrependimento dos erros cometidos.
Gabarito da questão
Opção B
Comentário da questão
Equipe Descomplica
A melhor equipe de professores do Brasil ;)
A expressão “isso te devo” reveste-se de um sentido potencialmente irônico, pois o eu-lírico indica por meio dela sentimentos negativos (expressos pelo desassossego, alma esvaziada, etc) causados por esse interlocutor. Nota-se, também, o amadurecimento do eu-lírico em função dessas experiências vividas e um desapego em relação a essa figura com quem eu-poético teve um vínculo emocional.