Questão 41 da prova amarelo do primeiro dia do Enem 2023

No princípio era o verbo. A frase que abre o primeiro capítulo do Evangelho de João e remete à criação do mundo, assim como também faz o Gênesis, é a mais famosa da Bíblia. A ideia de que o mundo é criado pela palavra, porém, é tão estruturante que está presente em outras religiões, para muito além das fundadas no cristianismo. Como humanos, a linguagem é o mundo que habitamos. Basta tentar imaginar um mundo em que não podemos usar palavras para dizer de nós e dos outros para compreender o que isso significa. Ou um mundo em que aquilo que você diz não é entendido pelo outro, e o que o outro diz não é entendido por você.

O que acontece então quando a palavra é destruída e, com ela, a linguagem?

Durante séculos, em diferentes sociedades e línguas, é importante lembrar, a linguagem serviu — e ainda serve — para manter privilégios de grupos de poder e deixar todos os outros de fora. Quem entende linguagem de advogados, juízes e promotores, linguagem de médicos, linguagem de burocratas, linguagem de cientistas? A maior parte da população foi submetida à violência de proposital mente ser impedida de compreender a linguagem daqueles que determinam seus destinos.

Se o princípio é o verbo, o fim pode ser o silenciamento. Mesmo que ele seja cheio de gritos entre aqueles que já não têm linguagem comum para compreender uns aos outros.

BRUM, E. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 5 nov. 2021.

Nesse texto, a estratégia usada para convencer o leitor de que uma grande parcela da população não compreende a linguagem daqueles que detêm o poder foi

  1. revelar a origem religiosa da linguagem.
  2. questionar o temor sobre o futuro da linguagem.
  3. descrever a relação entre sociedade e linguagem.
  4. apresentar as consequências do esfacelamento da linguagem.
  5. criticar o obstáculo promovido pelos usos especializa- dos da linguagem.

Gabarito da questão

Opção E

Questões correspondentes

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Assunto

linguagens

Comentário da questão

No terceiro parágrafo do texto, o autor faz a seguinte declaração: “Durante séculos, em diferentes sociedades e línguas (…) a linguagem serviu – e ainda serve – para manter privilégios de grupos de poder e deixar todos os outros de fora”. Em seguida, direciona aos leitores uma pergunta que ratifica essa afirmação, fazendo, para isso, menção a profissões de grande status social (advogados, juízes, promotores, médicos etc.) e ao fato de esses profissionais se valerem de jargões, ou seja, de um uso especializado da linguagem, que promove a exclusão de grande parte da população.

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