Questão 121 da prova cinza do segundo dia do Enem 2012 Segunda Aplicação

TEXTO I

A canção do africano

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão…
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar…
E à meia-voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez p’ra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem.”

ALVES, C. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995 (fragmento).

TEXTO II
No caso da Literatura Brasileira, se é verdade que prevalecem as reformas radicais, elas têm acontecido mais no âmbito de movimentos literários do que de gerações literárias. A poesia de Castro Alves em relação à de Gonçalves Dias não é a de negação radical, mas de superação, dentro do mesmo espírito romântico.

MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003 (fragmento).

O fragmento do poema de Castro Alves exemplifica a afirmação de João Cabral de Melo Neto porque

  1. exalta o nacionalismo, embora lhe imprima um fundo ideológico retórico.
  2. canta a paisagem local, no entanto, defende ideais do liberalismo.
  3. mantém o canto saudosista da terra pátria, mas renova o tema amoroso.
  4. explora a subjetividade do eu lírico, ainda que tematize a injustiça social.
  5. inova na abordagem de aspecto social, mas mantém a visão lírica da terra pátria.

Gabarito da questão

Opção E

Questões correspondentes

Comentário da questão

O poema de Castro Alves é uma obra de lirismo social que denuncia as atrocidades da escravidão. Assim como em “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, Há no texto em análise a contraposição da terra e, que se está e da que se tem saudade, o que evidencia o sentimento de nacionalismo ufanista. Como a crítica que está sendo feita não apresenta dados e fatos, ela se resume ao fator passional, isto é, evidencia-se a revolta do eu-lírico com a situação, mas não há presença de propostas de mudança. Nesse sentido, podemos afirmar que a crítica é retórica: mai emotividade do que razão. Todavia, os dois últimos versos se inserem na lógica ufanista; portanto, marque-se “E”.

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