TEXTO I
A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão…
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar…
E à meia-voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez p’ra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem.”
ALVES, C. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995 (fragmento).
O poema de Castro Alves é uma obra de lirismo social que denuncia as atrocidades da escravidão. Assim como em “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, Há no texto em análise a contraposição da terra e, que se está e da que se tem saudade, o que evidencia o sentimento de nacionalismo ufanista. Como a crítica que está sendo feita não apresenta dados e fatos, ela se resume ao fator passional, isto é, evidencia-se a revolta do eu-lírico com a situação, mas não há presença de propostas de mudança. Nesse sentido, podemos afirmar que a crítica é retórica: mai emotividade do que razão. Todavia, os dois últimos versos se inserem na lógica ufanista; portanto, marque-se “E”.