O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e linguísticos participem do significado do texto, isto é, forma e conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao poema de Mário de Andrade, a correlação entre um recurso formal e um aspecto da significação do texto é
Opção A
O texto representa cena típica da realidade da cidade grande: o continuum entre solidão e interação social. O poema começa focando a solidão do sujeito poético, que é contraposta no momento em que alguém senta ao seu lado. Tempos depois o bonde lota e o eu-poético volta a se sentir solitário (seu companheiro de viagem pode ter descido ou se calado). As sensações do eu-lírico durante a viagem são díspares.