Estranha neve:
espuma, espuma apenas
que o vento espalha, bolha em baile no ar,
vinda do Tietê alvoroçado ao abrir de comportas,
espuma de dodecilbenzeno irredutível,
emergindo das águas profanadas do rio-bandeirante,
hoje rio-despejo
de mil imundícies do progresso.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).
O poema faz referência ao despejo de detergentes sintéticos no rio, como evidenciado no trecho “espuma de dodecilbenzeno irredutível”, sendo o dodecilbenzeno um produto usado na fabricação de sabão.