Questão 118 da prova cinza do segundo dia do Enem 2014 Segunda Aplicação

Fogo frio

 

O Poeta
A névoa que sobe
dos campos, das grotas, do fundo dos vales,
é o hálito quente da terra friorenta.

 

O Lavrador
Engana-se, amigo.
Aquilo é fumaça que sai da geada.

 

O Poeta
Fumaça, que eu saiba,
somente de chama e brasa é que sai!

 

O Lavrador
E, acaso, a geada não é
fogo branco caído do céu,
tostando tudinho, crestando tudinho, queimando tudinho,
sem pena, sem dó?

FORNARI, E. Trem da serra. Porto Alegre: Acadêmica, 1987.

Neste diálogo poético, encena-se um embate de ideias entre o Poeta e o Lavrador, em que

  1. a vitória simbólica é dada ao discurso do lavrador e tem como efeito a renovação de uma linguagem poética cristalizada.
  2. as duas visões têm a mesma importância e são equivalentes como experiência de vida e a capacidade de expressão.
  3. o autor despreza a sabedoria popular e traça uma caricatura do discurso do lavrador, simplório e repetitivo.
  4. as imagens contraditórias de frio e fogo referidas à geada compõem um paradoxo que o poema não é capaz de organizar.
  5. o discurso do lavrador faz uma personificação da natureza para explicar o fenômeno climático observado pelos personagens.

Gabarito da questão

Opção A

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Comentário da questão

No poema, o discurso do lavrador renova a linguagem poética, como pode ser evidenciada no trecho “fogo branco caído do céu”, promovendo uma nova caracterização da geada. O embate de ideias se confirma pela noção do poema sobre a geada, definindo-a como “hálito quente da terra friorenta”.

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