Questão 119 da prova cinza do segundo dia do Enem 2015 Segunda Aplicação

— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato.

— Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É fazer pouco-caso de mim.

— Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!

— Deixe eu escolher, deixe…

— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal!

— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado?

— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era!

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.

O modo como o filho qualifica os presentes é incompreendido pela mãe, e essas escolhas lexicais revelam diferenças entre os interlocutores, que estão
relacionadas à

  1. à linguagem infantilizada.
  2. ao grau de escolaridade.
  3. à dicotomia de gêneros.
  4. às especificidades de cada faixa etária
  5. à quebra de regras da hierarquia familiar.

Gabarito da questão

Opção D

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Comentário da questão

O entrave na comunicação entre mãe e filho tem raiz na faixa etária a que cada um deles pertence. O jovem utiliza muitas gírias, que, nesse caso, consistem na ressignificação de palavras (“barato’ e “furado”) já conhecidas pela mãe, que , por sua vez, não conhece os novos sentidos atribuídos aos vocábulos escolhidos por seu filho.

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