Numa sociedade em transição, a marcha da mudança, em diferentes graus, está impressa em todos os aspectos da ordem social, especialmente no jogo político, que nessas sociedades sempre apresenta padrões característicos de ambivalência, cujas raízes sociais se encontram na coexistência de dois padrões de estrutura social: o padrão tradicional, em declínio, e o novo, emergente, em expansão. Em tais situações, é possível encontrar, simultaneamente, apoio para uma orientação política ou para outra que seja exatamente o oposto. O padrão ambivalente do processo político, nas sociedades em desenvolvimento, é o que explica um dos seus trações mais salientes, e que consiste na tendência ao adiamento das grandes decisões. Resulta dai que a inércia política ou a convulsão política pode se suceder uma à outra em períodos surpreendentemente curtos.
PINTO, L, A. C. Sociologia e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1975 (adaptado).
Como apontam vários sociólogos brasileiros, a modernização brasileira foi conservadora, não realizando uma verdadeira revolução tal qual a passagem do Antigo Regime para a sociedade liberal na Europa e mantendo traços tradicionais e arcaicos na estrutura do país.