Hoje sou um ser inanimado, mas já tive vida pulsante em seivas vegetais, ful um ser vivo; é bem verdade que do reino vegetal, mas isso não me tirou a percepção de vida vivida como tamborete. Guardo apreço pelos meus criadores, as mãos que me fizeram, me venderam, 6 pelas mulheres que me usaram para suas vendas e de tantas outras maneiras. Essas pessoas, sim, tiveram suas subjetividades, singularidades e pluralidades, que estão incorporadas a mim. É preciso considerar que a nossa história, de móveis de museus, está para além da mera vinculação aos estilos e à patrimonialização que recebemos como bem material vinculado ao patrimônio imaterial. A nossa história está ligada aos dons individuais das pessoas e suas práticas sociais. Alguns indivíduos consagravam-se por terem determinados requisitos, tais como o conhecimento de modelos clássicos ou destreza nos desenhos.
FREITAS, J. M.; OLIVEIRA, L. R. Memórias de um tamborete de baiana: as muitas vozes em um objeto de museu. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Blográfica, n. 14, maio-ago. 2020 (Adaptado).
No texto, o objeto associa sua história aos seus “criadores”, que tiveram suas “subjetividades, singularidades e pluralidades” incorporadas ao objeto, ainda destacando que sua história como objeto estaria ligada aos “dons individuais das pessoas e suas práticas sociais”. Dessa forma, associa sua história às habilidades e culturas desses indivíduos.