O leproso é visto dentro de uma prática de rejeição, ao exílio-cerca; deixa-se que se perca lá dentro como numa massa que não têm muita importância diferenciar; os pestilentos são considerados num policiamento tático meticuloso onde as diferenciações individuais são os efeitos limitantes de um poder que se multiplica, se articula e se subdivide. O grande fechamento por um lado; o bom treinamento por outro. A lepra e a sua divisão; a peste e seus recortes. Uma é marcada; a outra, analisada e repartida. O exílio do leproso e a prisão da peste não trazem consigo o mesmo sonho político.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.
Os modelos autoritários descritos no texto apontam para a formação de uma sociedade disciplinar. De acordo com Foucault, a partir do século XVIII, com a implantação das prisões, das escolas, dos hospitais psiquiátricos e dos quartéis, os corpos das pessoas foram sendo educados, isto é, tornados obedientes a certos tipos de comportamentos, gestos e posições que servem a um certo tipo de controle.